terça-feira, 21 de julho de 2015

Mãe ou Madrasta Qual a Questão?

Mãe ou Madrasta Qual a Questão?


Na realidade este mito de substituição ocorre devido á própria história de constituição das famílias, a figura da madrasta também muito contada nos contos de fada os quais reforçam uma imagem negativa da madrasta como pessoas egoístas e frias, estava vinculada a recomposição de uma família da qual havia perdido a mãe e o pai torna-se um viúvo, esta imagem de madrasta se configurava pela imagem feminina que iria substituir a mãe. Um estudo feito por Falche e Wagner sobre mães e madrastas revela que ambas ainda tem uma visão da mulher como responsável pelo bem-estar da família e exercem a função de cuidadora, educadora e suporte afetivo. Atualmente esta realidade apresenta-se de forma diferente e um pouco mais complexa, uma vez que os recasamentos em sua maioria são constituídos por pessoas divorciadas e cujas mães participam da vida dos filhos, em geral as constituições são de que os pais obtêm a guarda compartilhada de forma que os filhos convivem em sua rotina com ambos os pais e madrasta. A idéia de que a madrasta deva exercer seu papel como mulher e mãe nas famílias reconstituídas fundamentam juntamente o mito do ideal de amor materno incondicional, de forma a ser cobrado que a madrasta ame incondicionalmente seus enteados (as). Partindo de tantas expectativas sobrepostas ao papel de madrasta creio que um posicionamento de que é uma figura da qual o enteado (a) possa contar para construir novos vínculos de amizade e cumplicidade, e compreender que madrastas ou mães são pessoas como outras com suas características positivas ou não, limitadas ou não.
Na minha concepção a partir dos atendimentos em consultório vejo que nestes casos a dificuldade esta mais focada na aceitação de que a constituição familiar mudou e com isso ocorrem perdas e ganhos. A mudança seja em qualquer situação familiar gera insegurança, risco, rejeição e incerteza independem se é uma família biológica ou reconstituída, o que nos fornece uma leitura que é muito natural que estes sentimentos sejam vivenciados por madrastas e enteados.
No entanto creio que uma das situações que pode gerar maior complexidade e dificuldade de ser estabelecida esta na construção do respeito e autoridade, mas é possível construir nestas relações formas de respeito e autoridade uma vez que o papel exercido pela mulher ainda nos dias atuais é de cuidadora é a que administra as atividades do lar na sua grande maioria, isso independe se o papel é exercido pela mãe biológica ou a madrasta, neste caso dos recasamentos o procedimento e os arranjos pode em primeira instancia partir dos acordos estabelecidos entre o casal,ou seja o pai biológico e a madrasta, do mesmo modo que deveria ocorrer com os casais com filhos de um mesmo casamento ( pai e mãe). Nestes acordos por sua vez devem ser estabelecidos os limites e a regras de funcionamento e das atividades desta família. O estabelecimento de conversas francas inseridas de negociações entre o casal e posteriormente deste para com a crianças ou adolescente.
O relacionamento entre enteados e madrasta esta envolto em uma série de experiências, contexto e mitos que em geral absorvidos em suas experiências anteriores e atuais segundo (Smith, 1995) e Teyber(1995) a idade e a maturidade da criança, as vivências nos relacionamentos da primeira família, o momento que essa se desfez, bem como o fato dos enteados morarem junto com a madrasta ou conviverem apenas nas situações de visitas , são pontos importantes e devem ser considerados ao se estabelecer a intimidade do relacionamento. Por outro lado considerando a realidade vivenciada pela madrasta, a dinâmica do relacionamento com os enteados reflete uma situação complexa considerando que o ideal de mãe venha a criar como nos contos de fada uma imagem talvez com maior tendência a ser negativada, e o esforço está em contrapor a esta imagem.
Dra. Margarete Ap. Volpi
Terapeuta Familiar e Casal

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