quinta-feira, 23 de julho de 2015

Ejaculação precoce: isso é coisa da sua cabeça?


Ejaculação precoce: isso é coisa da sua cabeça?

No Brasil, cerca de 40 % dos homens que procuram terapia sexual sofrem com a ejaculação precoce. Motivo de piadas para alguns e intenso sofrimento para outros, esse problema merece ser abordado e tratado com muita seriedade. Mas antes de continuarmos nosso assunto, me responda: Você sabe o que é ejaculação precoce?  
A E.P é caracterizada por: Dificuldade do homem em perceber as sensações que antecedem o orgasmo (quando ele se dá conta, já aconteceu). A ejaculação acontece bem antes do desejado, muitas vezes antes mesmo da penetração. E quando há penetração a ejaculação costuma ocorrer entre 1 e 2 minutos após.
Para os homens que não apresentam o problema são necessários de 20 a 50 repetições de movimentos do pênis dentro da vagina para conseguirem ejacular, enquanto para os ejaculadores precoces apenas 5 a 7 movimentos são suficientes.
A E.P pode ser um distúrbio primário (sempre ocorreu e o indivíduo nunca teve um desempenho normal) ou secundário ou situacional (adquirido ao longo do tempo).
Um fato curioso
Por se tratar de um tema que envolve preconceitos e vergonha, as pessoas acabam tendo pouca informação de qualidade e não falam abertamente sobre o assunto, por essa falta de informação alguns homens erradamente imaginam que têm ejaculação precoce quando na verdade estão apenas se comparando a desempenhos imaginários de outros.
Um exemplo: alguns homens consideram precoce uma penetração que dure menos de quinze minutos. Outros imaginam que tem o distúrbio porque chegam ao orgasmo antes da parceira, ignorando muitas vezes outros fatores como falta de comunicação durante o sexo e dificuldade da parceira em alcançar o orgasmo, que muitas vezes nem estão relacionados ao homem. Existem mulheres que demoram bastante para atingir o orgasmo, até mesmo horas, nessas situações fica fácil para o homem que costuma ejacular em meia hora se sentir “precoce”.
Outra questão envolvida na “falsa ejaculação precoce” é a comparação do homem comum com os atores de filmes pornográficos. O modelo que vêem nos filmes é totalmente equivocado. Os atores tomam remédios para manter a ereção, as cenas são editadas, e as mulheres lá apresentadas estão sendo pagas para fazerem caras e bocas e demonstrarem o quanto “é bom” serem penetradas freneticamente por horas a fio. O homem que tem esse modelo e o leva para sua relação terá grandes chances de sair decepcionado e se sentindo um ejaculador precoce.
Até aqui entendemos um pouquinho sobre o que é e o que não é a ejaculação precoce. Mas as perguntas que não querem calar são: Por que ela acontece? Tem tratamento? Tem cura?
Quando causas orgânicas são excluídas e não há nenhum problema físico que justifique a situação, só podemos entender a ejaculação precoce como um problema totalmente psicológico. Como em qualquer outro problema relacionado à mente humana, não existe uma regra nem uma única forma de acontecer. Por isso, vou citar os mais comuns de acordo com as pesquisas já existentes sobre o assunto, porém, apenas uma avaliação e investigação individual poderão estabelecer os critérios necessários para causa e tratamento.
• Experiência traumática na infância (não necessariamente envolvendo sexo)
• Transtorno de ansiedade generalizada
• Questões religiosas (culpa pela pratica do sexo fora do casamento, por exemplo)
• Novidade da parceira sexual
• Hostilidade ou sentimento de inferioridade em relação à parceira
• Depressão
• Medo de perder a ereção
• Deficiência no aprendizado sexual
A terapeuta sexual e mestre em ciências da saúde pela UNIFESP, Maria Cristina Romoaldo Galati, diz o seguinte sobre a ejaculação precoce:
O encontro sexual é sempre tenso, é sempre uma prova a ser vencida e, infelizmente, em função do medo e da ansiedade, geralmente perdida. Há casos de homens que se sentem menos homens, incompetentes e incapazes, não apenas na esfera afetivo-sexual, mas em todos os demais papeis sociais que exerce.
Galati continua:
“Muitas vezes, basta uma orientação sexual para resolver a dificuldade. Quando a causa envolve aspectos mais profundos do psiquismo ou relacionamento, se faz necessária a terapia.”
Segundo ela, o tratamento pode ser medicamentoso, com ansiolíticos ou antidepressivos que servem para retardar a resposta ejaculatória, todavia, a terapia sexual é a que traz mais benefícios.

E como essa terapia funciona? 

Na terapia, profissional e paciente buscarão juntos descobrir e entender o que causa o distúrbio, o terapeuta também oferece técnicas para aprendizagem do controle ejaculatório, a finalidade será devolver ou desenvolver no homem o controle de sua própria mente, refletindo assim no controle do seu corpo.

Algumas técnicas ensinadas na terapia sexual:

Stop-squeeze (pára-comprime). Esse método sugere que o homem avise a sua parceira quando sentir a vontade de ejacular aproximando-se. Neste ponto interrompe-se o ato sexual e a mulher aplica pressão manual na glande do pênis, até ocorrer redução da vontade. O método de “pára-comprime” pode ser treinado, inicialmente, com a masturbação.
Start-stop (começa-pára) utiliza uma pausa, ao invés de um aperto no início da fase ejaculatória. Acredita-se também que a posição durante a relação sexual, com a mulher por cima ou a posição lateral, permitem um maior controle da ejaculação.
Não posso deixar de citar o fator de ajuda que em minha opinião é sem dúvida o mais importante na vida de um homem que sofre com esse distúrbio. A mulher! O fato de ejacular precocemente não seria tão vergonhoso e triste para o homem se não fosse por sua “incapacidade” de satisfazer sua parceira. Ele já se sente mal por ser “rápido demais”, por não curtir o momento como gostaria, pelo medo de ser “trocado” por outro, medo de sua parceira comentar com outras pessoas sobre seu problema, medo de ser abandonado, e tudo mais que uma mente afetada possa imaginar. Entendo que para a mulher também não é fácil, muitas não entendem que é algo totalmente fora de controle e acabam ofendendo, cobrando e humilhando até mesmo sem perceber.
Se você sofre com esse problema, converse com sua parceira, se abra, explique, peça a ajuda. E acredite, se ela te ama, com certeza ficará feliz por sua demonstração de confiança e cumplicidade. Não falar no assunto não vai ajudar, não vai diminuir a tensão nem a vergonha que você sente a cada relação sexual frustrada.
Se você é mulher e tem um parceiro que sofre com essa situação, ofereça ajuda sincera. Fale sobre o assunto abertamente e com carinho.
Não caia na armadilha de fingir que está tudo bem, não finja, não diga que é assim mesmo quando na verdade você gostaria de dizer que está sofrendo também. Além do mais o homem percebe que você está atuando e isso faz com que ele entenda que não está disposta a falar sobre o assunto. Entende?
Também não vá ao extremo de cobrar uma solução, pressionar, fazer cara feia, ameaçar… Tudo isso só vai aumentar a ansiedade dele.
Conheço casais que passam por isso e sei o quanto esse tipo de coisa abala uma relação. Mas também conheço casais que superaram juntos e hoje têm uma vida sexual maravilhosa e com muita cumplicidade. Não há motivos para se envergonhar, não há motivos para não procurar ajuda.
Lembre-se: existem no mundo inteiro profissionais que se dedicam a estudar, compreender e ajudar pessoas que sofrem com esse tipo de questão. O caminho para a solução de qualquer problema psicológico continua sendo sempre o autoconhecimento.
Se você conhece alguém que esteja sofrendo por causa da ejaculação precoce, compartilhe com ele esse texto, muitas vezes uma simples informação é capaz de mudar uma situação ruim.
Grande abraço e até breve!

Qual a sua opinião sobre isso? 

http://www.psiconlinews.com/2015/07/ejaculacao-precoce-isso-e-coisa-da-sua-cabeca-2.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário